domingo, 21 de fevereiro de 2010

Deus Existe?

Sim, o título pespega, a quem o lê, uma ideia depreciativa no que diz respeito à temática abordada. Nos dias que correm a existência ou inexistência de Deus, agora que pode ser discutida (ou talvez não), é tão badalada e dúbia que mais ninguém se atreve sequer a mencioná-la, e esta inércia inflecte nos católicos acérrimos a noção de vitória (falo dos católicos por ser a religião com mais crentes em Portugal). No entanto leiam, pois não me limitarei a descrever a minha opinião e anseio poder ouvir/ler a vossa.

Bem, mas retornemos ao assunto que aqui me trouxe: Deus existe?



Hoje questionei um rapaz de 11 anos, colocando-lhe exactamente a mesma questão, à qual respondeu prontamente com um "Sim", e porquê: "Porque ele me ajuda, quando lhe peço boas notas ele dá-mas!". Lá está, ouvindo esta resposta mais me auto-afiancei de que Deus não passa de uma força, imperiosa e volátil, omnipresente e omnipotente, porque assim o Homem o quer, porque o Homem tem a necessidade de sentir essa mesma força.
É um facto que tão ditoso Universo teve de surgir de algum lado e que o Big-Bang não responde sucintamente a esta questão, é um facto que muita gente não mata, trai e mente por temer a Deus, é um facto que tal divindade nos suporta e auxilia em instantes difíceis de solidão e acaba por nos transmitir confiança, no entanto, também é um facto que a mente Humana tem uma força indiscritível, se pensarmos realmente que alguém nos dá a mão nos trilhos mais sinuosos, naturalmente os ultrapassaremos sem pestanejar, se inculcarmos em nós a ideia de que tudo correrá bem por termos clamado pela benevolência de Deus, tudo efectivamente correrá às mil maravilhas. Será isto o que se passa? Será esta a base da religião? A força indiscritível da mente?
Na idade dessa criança, acreditava numa força ou forças sobrenaturais e não no Deus dos católicos, acreditava no poder da Mãe Natureza e presidia à Eucaristia obrigada pelos meus pais, na altura catequistas e maestros do coro (Oh infortúnio de uma alma impossibilitada de voar por si!). E o que mais me seduzia nesta crença, era a ideia de incolumidade, a ideia de ser apenas minha, sem mais ninguém a reclamar pelos meus Deuses, pela minha Natureza, pelo meu espaço espiritual, a ideia de não estar institucionalizada, de não ter sido comercializada, de não ter cometido atrocidades, de não ter imagens impostas, apenas existiam as minha imagens, doces e suaves, criativas. Tudo meu, apenas meu, da maneira que eu queria! E acreditava em tudo isso e pedia-lhes auxílio tal como o menino, e o mais impressionante, é que resultava e ainda resulta!
Então afinal o que há para lá da Terra, do Homem? O que há de sobrenatural no Mundo? As disputas entre monoteístas e politeístas têm fundamento, ou não? As disputas entre monoteístas com ideologias distintas têm fundamento, ou não? Afinal o que se passa no Cosmos? Será Deus tão cego que não enxerga as batalhas travadas em nome dele e os politeístas, amantes da Natureza, sua criação, que foram chacinados e obrigados à conversão? O que se passa lá em cima (ou entre nós)? Existirão mesmo forças invisíveis? Porquê acreditar num Deus que moveu milhentos para um campo de peleja e parece apreciar tal facto?

Continuarei a acredirar nos meus Deuses e nas forças da Natureza, gostaria imenso de saber em que vocês acreditam!

Saudosos Cumprimentos.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Baile de Máscaras



Porquê esta vida? Porquê esta dor que dilacera? Este cheiro que não me pertence, esta voz que impera?

Um Mundo teatral à minha volta, sorrisos de mágoa, olhares mansos de revolta. Hipocrisia, desconforto, lágrimas,.... AAAAAAHHHHH!!!! Deixem-me livre, viva; deixem-me chorar, gritar, deixem-me agir sem receio de errar ou desiludir. Mas tal não é possível: liberdade? Onde estás tu? Verdade, que é feito de ti? Dou um passo e olho em volta, será que fiz bem? Abro a boca e fecho-a instantaneamente, será que me aceitarão? O Mundo, os Homens, apenas aceitam Máscaras, Máscaras de todos os feitios e cores, e quanto mais vistosas melhor, quanto mais irreais melhor,... Sei que também devo ter as minhas próprias Máscaras, sei que as devo usar, mas será simples?

Beijo a máscara que me cobre, divina, na sua bipolaridade invisível: agora rio, agora não; agora ando, agora corro! Eu, ela: Nós! Invencível dupla que a sociedade exige. A doçura no rosto de uma, a frieza no da outra; nenhuma delas sou eu, aquele ser humano que diz o que pensa sem receio, actua sem preconceitos, deixando que os instintos e a razão se fundam num só, criando uma personalidade sensata, verdadeira, confiável!
Sou um "Eu" moldado pelos Homens insanos e tenebrosos, que amam viver neste alucinante Baile de Máscaras. Se anseio pela sobrevivência, devo fechar os olhos e deixar-me viajar entre sorrisos que nada mais são do que facadas; entre elogios que nada mais são do que palavras depreciativas. Absorverei tudo isto com a máscara mais doce que encontrar e, quando alcançar o topo, nada mais serei do que a máscara fria que guardava dentro de mim; então, nessa altura, mas só nessa altura, na solidão recatada do meu quarto, esconderei as duas máscaras no fundo de um baú degradado e serei Eu, simplesmente Eu!


Conseguirei viver assim, num eterno Baile de Máscaras?

Definitivamente NÃO! e, sendo assim, estou condenada ao insucesso!
 
(texto redigido por mim no blog "aprender a viver juntos". Visitem!)