quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Baile de Máscaras



Porquê esta vida? Porquê esta dor que dilacera? Este cheiro que não me pertence, esta voz que impera?

Um Mundo teatral à minha volta, sorrisos de mágoa, olhares mansos de revolta. Hipocrisia, desconforto, lágrimas,.... AAAAAAHHHHH!!!! Deixem-me livre, viva; deixem-me chorar, gritar, deixem-me agir sem receio de errar ou desiludir. Mas tal não é possível: liberdade? Onde estás tu? Verdade, que é feito de ti? Dou um passo e olho em volta, será que fiz bem? Abro a boca e fecho-a instantaneamente, será que me aceitarão? O Mundo, os Homens, apenas aceitam Máscaras, Máscaras de todos os feitios e cores, e quanto mais vistosas melhor, quanto mais irreais melhor,... Sei que também devo ter as minhas próprias Máscaras, sei que as devo usar, mas será simples?

Beijo a máscara que me cobre, divina, na sua bipolaridade invisível: agora rio, agora não; agora ando, agora corro! Eu, ela: Nós! Invencível dupla que a sociedade exige. A doçura no rosto de uma, a frieza no da outra; nenhuma delas sou eu, aquele ser humano que diz o que pensa sem receio, actua sem preconceitos, deixando que os instintos e a razão se fundam num só, criando uma personalidade sensata, verdadeira, confiável!
Sou um "Eu" moldado pelos Homens insanos e tenebrosos, que amam viver neste alucinante Baile de Máscaras. Se anseio pela sobrevivência, devo fechar os olhos e deixar-me viajar entre sorrisos que nada mais são do que facadas; entre elogios que nada mais são do que palavras depreciativas. Absorverei tudo isto com a máscara mais doce que encontrar e, quando alcançar o topo, nada mais serei do que a máscara fria que guardava dentro de mim; então, nessa altura, mas só nessa altura, na solidão recatada do meu quarto, esconderei as duas máscaras no fundo de um baú degradado e serei Eu, simplesmente Eu!


Conseguirei viver assim, num eterno Baile de Máscaras?

Definitivamente NÃO! e, sendo assim, estou condenada ao insucesso!
 
(texto redigido por mim no blog "aprender a viver juntos". Visitem!)

1 comentário:

Prof.ª Diana Tavares disse...

Faço tuas as minhas palavras!

Sandra Silva